Operação “Narco Vela” prendeu mais de 20 suspeitos em cinco estados e três países; esquema usava pescadores e embarcações de luxo para tráfico transoceânico.

O ataque ao veleiro e a descoberta do esquema
Em fevereiro de 2023, a Marinha dos EUA abateu um veleiro brasileiro em alto-mar, próximo à África, após descobrir que a embarcação transportava 3 toneladas de cocaína. As imagens do confronto, obtidas pela TV Tribuna, mostram a embarcação sendo atingida por tiros e parcialmente destruída.
O caso foi o ponto de partida para a Operação Narco Vela, deflagrada pela Polícia Federal (PF) na última semana, que desarticulou uma organização criminosa especializada no tráfico internacional de drogas para Europa e África.
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A operação da PF: prisões e alcance global
- Mandados cumpridos: 4 preventivas, 31 temporárias e 62 buscas e apreensões.
- Mais de 20 presos em cinco estados brasileiros (SP, PR, SC, RS e PA) e três países (EUA, Itália e Paraguai).
- Investigação internacional: Guarda Civil Espanhola e Marinha Francesa também interceptaram carregamentos ligados ao mesmo esquema.
Segundo o delegado Osvaldo Scalezi Júnior, a rede recrutava pescadores para levar drogas a embarcações maiores, como veleiros e pesqueiros, que faziam a rota transoceânica.
Como funcionava o tráfico
- Armazenamento: A droga era estocada no litoral da Baixada Santista (SP).
- Transporte inicial: Lanchas rápidas levavam a cocaína para alto-mar.
- Transferência: Em águas internacionais, a carga era repassada para barcos de longo curso (como o veleiro alvejado).
- Entrega final: Na costa africana ou nas Ilhas Canárias, outras lanchas faziam o resgate para distribuição.
A organização usava rastreadores por satélite e prometia altos lucros para cooptar tripulantes.
O caso do empresário preso

Um dos alvos foi o empresário Rodrigo Morgado, dono da Quadri Contabilidade, preso em SP após a PF encontrar uma arma em sua Lamborghini. Ele alegou que a arma estava no carro “por falta de atenção”, mas teve a prisão convertida em preventiva por suspeita de vínculo com tráfico internacional.
- Soltura temporária: Sua esposa, advogada, conseguiu um alvará, mas o caso segue em investigação.
- Justiça: O juiz destacou que a posse da arma por um CAC (Colecionador, Atirador e Caçador) não descarta possível uso criminoso.
A Operação Narco Vela expôs uma complexa rede que operava em múltiplos países, combinando tecnologia, embarcações de luxo e lavagem de dinheiro. As investigações continuam para desvendar todos os envolvidos.